Na Casa da Mata Atlântica, debate reforça avanço do Brasil na integração de políticas ambientais
A importância da gestão integrada das paisagens para conectar políticas públicas de biodiversidade, clima e ordenamento territorial foi destaque durante a mesa “Conexão da paisagem como estratégia para mitigação das mudanças climáticas”, realizada na Casa da Mata Atlântica, durante a COP 30, em Belém (PA).
O chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Carlos Eduardo Marinello, ressaltou avanços importantes como o Programa Nacional de Conectividade de Paisagens, a Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB), o Plano Clima e o recém-lançado Pacto de Sinergias entre as Convenções do Rio.
“Esse trabalho se materializa no território por meio do ordenamento territorial e da gestão da paisagem. Um exemplo disso é o reconhecimento recente de três mosaicos, a criação de Unidades de Conservação e o avanço na regulamentação das Reservas Extrativistas e de Áreas de Proteção Ambiental (APAs). São medidas que fortalecem a governança, ampliam conectividade e aumentam a capacidade do país de enfrentar a crise climática com base em ciência, participação social e integração de agendas.
A Mata Atlântica, com sua rica biodiversidade e histórico de degradação, foi o ponto de partida para refletir sobre modelos replicáveis de restauração e integração entre conservação, clima e uso sustentável do solo. Foram apresentadas múltiplas perspectivas — do setor público, da sociedade civil e do movimento social.
Representando a Rede de ONGs da Mata Atlântica, Luís Paulo Ferraz, diretor-executivo da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) e representante da entidade na coexecução do Projeto GEF Áreas Privadas, na Mata Atlântica, destacou como o projeto tem impulsionado ações estratégicas de conservação, engajamento social e restauração ecológica em propriedades privadas. Ferraz reforçou o papel central dos proprietários rurais na conectividade de paisagens e na proteção da biodiversidade do bioma, o mais fragmentado do Brasil. Além de enfatizar a importância da ciência como base do trabalho territorial desenvolvido pela organização.
“O MMA, por meio do Projeto GEF Áreas Privadas, está alavancando várias frentes de trabalho executadas pela Associação Mico-Leão-Dourado, com foco direcionado para engajamento social, conservação e restauração de áreas privadas”, pontuou Luís Paulo.
Como exemplo, ele citou as ações do projeto que visam implementação de unidades demonstrativas para manejo de pastagens, restauração ecológica e agroecologia. Além de mecanismos para fortalecer o engajamento social e a geração de renda, como o Projeto Ciência Cidadã e criação da Trilha de Longo Curso “Travessia do Mico”.
A importância das comunidades tradicionais na conservação também foi reforçado pela participação de Vagner do Nascimento, presidente do Fórum de Comunidades Tradicionais, lembrando o papel histórico desses povos:
“Os povos tradicionais, guardiões da Mata Atlântica, são um movimento que vem com muita vontade de supervisionar, lutar, nos defender e defender esse bioma tão ameaçado e tão importante.”
Também participaram da mesa: Ana Paula Silva, do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e Clayton F. Lino, coordenador de Cooperação Internacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Crédito: Karoline Diniz
Coordenadora de Comunicação do Projeto GEF Áreas Privadas