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25/06/2025
Encontro debate desafios científicos para a implementação do plano de restauração do Projeto GEF Áreas Privadas

Técnicos puderam levantar necessidades de pesquisas cientificas para auxiliar o trabalho de restauração florestal Foto-Ariane Marques-AMLD
A Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) realizou, no dia 13 de junho (sexta-feira), uma reunião estratégica para discutir os desafios científicos relacionados à restauração florestal — um dos eixos de atuação do Projeto GEF Áreas Privadas na Mata Atlântica do Rio de Janeiro.
O encontro, realizado na sede da AMLD no município de Silva Jardim (RJ), reuniu representantes do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), além das secretarias de Meio Ambiente de Silva Jardim e de Administração, de Casimiro de Abreu.
A reunião permitiu aos participantes identificar lacunas de pesquisas científicas em determinadas áreas do conhecimento para a eficiência da restauração ecológica, fundamental para a biodiversidade.

Luís Paulo Ferraz, secretário executivo da AMLD, explicou a proposta do novo Centro de Referência em Restauração Ecológica – Foto Ariane Marques – AMLD
“A ampliação da restauração ecológica na região exige o fortalecimento da pesquisa científica para enfrentar desafios específicos gerados pelo histórico de uso e ocupação do solo. Diante desse cenário, precisamos aumentar o número de pesquisas voltadas ao desenvolvimento de técnicas adequadas para a restauração, especialmente em áreas de difícil recuperação, como solos degradados e ambientes encharcados. A sistematização de informações científicas, a implementação de uma base de dados estruturada e a ampliação do conhecimento técnico são fundamentais para embasar e aprimorar as ações de restauração na região”, explicou o coordenador de Restauração Florestal da AMLD, Carlos Alvarenga.
A conexão de fragmentos florestais – a maioria deles em áreas privadas – também é vital para o mico-leão-dourado, que habita apenas a Mata Atlântica de baixada. As demandas levantadas servirão de base para um grande encontro de gestores e pesquisadores, que será promovido pela AMLD ainda este ano.

Anderson Ribeiro, consultor de Ecoturismo da AMLD, levou os participantes do encontro para conhecer a Torre da Restauração Ecológica, no Parque do Mico – Foto Arquivo AMLD
“Nossa expectativa para este encontro é apresentar experiências, técnicas, pesquisas e discussões pertinentes aos desafios na cadeia de restauração ecológica identificados na bacia do São João. Experiências que poderão ser testadas, ou até mesmo validadas em campo, no âmbito do projeto”, destacou Carlos.
Depois da reunião, todos os participantes foram convidados a visitar as trilhas do Parque do Mico-Leão-Dourado e conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pela Associação.

Participantes do encontro conheceram a Torre da Restauração Ecológica – Foto Ariane Marques – AMLD
Confira abaixo as principais necessidades levantadas na reunião:
- Restauração ecológica de áreas alagadas;
- Restauração em caixetais: necessidade de mais experiências de restauração de tabebuia com outra espécie consorciada, como o guanandi; entender sucessos e fracassos de iniciativas similares;
- Compreensão da relação entre espécies vegetais exóticas e nativas em ambiente de restinga;
- Compreensão sobre como as mudanças climáticas em curso irão afetar projetos de restauração ecológica;
- Mapeamento de solo mais refinado para embasar restauração em larga escala (Áreas de baixada possuem uma grande diversidade de solos, além de lençóis freáticos salinos e áreas drenadas ácidas);
- Comparação entre mapeamentos do solo feitos de forma convencional ou com uso de tecnologias, como machine learning, para consolidar metodologia que reduzam custos e tempo no planejamento de restauração em larga escala;
- Categorização de todas as vegetações ao longo do rio São João, assim como entendimento do aporte de sedimentos para traçar a heterogeneidade ambiental e orientar o planejamento de futuros projetos de restauração, considerando a composição e equidade de espécies;
- O monitoramento a longo prazo de novas iniciativas de enriquecimento ecológico na restauração, como a reintrodução de epífitas;
- Necessidade de correlacionar dados de restauração ecológica e segurança hídrica;
- Necessidade de atrelar atributos físicos (como uso do solo) e biológicos para orientar projetos de restauração em áreas comprometidas pela erosão;
- Avaliação dos ganhos em serviços ecossistêmicos, como estoque de carbono, ao longo do processo de restauração, de forma a orientar a formulação de mecanismos financeiros, como créditos de carbono e de biodiversidade;
- Estudos sobre a resiliência de habitats restaurados;
- Modelagem de nicho para espécies ameaçadas, considerando cenários de mudanças climáticas para orientar a tomada de decisões sobre locais prioritários para plantio de corredores ecológicos;
- Dar publicidade a resultados de pesquisas em restauração ecológica na Bacia já realizadas.
Sobre
O Projeto GEF Áreas Privadas – Concretizando o potencial de conservação da biodiversidade em áreas privadas no Brasil é financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Sua gestão financeira é realizada pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), sob a coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Na Mata Atlântica coexecutado pela Associação Mico Leão Dourado (AMLD) e no Cerrado pela Fundação Pró Natureza (Funatura). Os principais objetivos são ampliar o manejo sustentável da paisagem, contribuir para a conservação da biodiversidade e fortalecer a provisão de serviços ecossistêmicos em áreas privadas no Brasil.
Texto: Ariane Marques/AMLD