AMLD encerra 2025 com 4 SAFs implantados por meio do Projeto GEF Áreas Privadas na Bacia do Rio São João (RJ)
Outras propriedades vão ser beneficiadas em 2026 com a implantação de mais três Sistemas Agroflorestais. Neste ano, também houve o manejo de quatro sistemas dos 13 previstos pelo projeto.
A Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) concluiu parte das implantações e manejos dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) apoiados pelo Projeto GEF Áreas Privadas na Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, no Rio de Janeiro. Todo o trabalho é feito junto à comunidade, por meio de mutirões orientados por técnicos da AMLD.
Para a felicidade de agricultores familiares de Silva Jardim, Macaé, Rio Bonito e Casimiro de Abreu, foram concluídos quatro dos sete SAFs previstos pelo projeto em 2025, com apoio das prefeituras e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Além disso, dos 13 manejos igualmente contemplados pela iniciativa nestes sistemas, quatro foram executados, sendo um com a inclusão de um sistema de irrigação que vai fazer toda a diferença no sítio da dona Graça, em Casimiro de Abreu.
O mesmo aconteceu com a propriedade do casal Benilda e Alcimar, no sítio Monte Horebe, em Silva Jardim. Eles tiveram o primeiro sistema implantado pelo projeto, e a irrigação tem sido fundamental para garantir que a área, fortemente afetada pela seca dos últimos anos, mantenha o cultivo vivo, produzindo com mais eficiência.
Já o segundo SAF foi implantado no sítio El Shadai, no assentamento Visconde, em Casimiro de Abreu, onde uma área de pasto foi preparada para dar lugar a uma linda floresta. O cultivo principal foi o de citrus.
Dona Ivanildes, que acompanhou tudo de perto, compartilhou a emoção de ver o solo ganhando vida.
“Para mim é de suma importância essa parceria, porque aqui a gente estava precisando mesmo dessa área mais produtiva. Muito bom também para a melhoria da saúde. Quanto mais verde, melhor!”, contou.
E não foi só ela que sentiu a mudança. O meliponicultor Samuel Miranda também participou do mutirão e compartilhou o poder transformador desse tipo de sistema para a natureza e para o ser humano.
“Isso modifica totalmente o modo como a gente vê as coisas atualmente. Você pode produzir e estar no meio da natureza, tudo ao mesmo tempo!”, lembrou.
Cada sistema é implementado em área com aproximadamente 1 mil m², combinando diferentes cultivos, sendo um deles predominante.
No sítio São José, no distrito de Areia Branca, em Macaé, foi implantado o último Sistema Agroflorestal do ano pela AMLD, o SAF Citros, com predominância do plantio de limão, laranja e tangerina. O trabalho ocorreu nesta quarta-feira (10/12), combinado ainda na plantação o cupuaçu carimbó, milho, inhame, feijão, abóbora, além de árvores madereiras, adubadeiras e frutíferas. O mutirão foi recebido pelas irmãs Maria Helena e Maria Eliza. No sítio, elas também criam gado de leite, produzindo queijos e derivados.
“Nós aqui do sítio estamos muito feliz com isso e também com uma responsabilidade muito grande, né? Porque a gente tem que cuidar e dar conta desse bebê que está nascendo. Mas a gente vai dar conta, se Deus quiser, porque é um sonho que está sendo realizado. E eu espero que eu consiga estudar muito, fazer algumas experiências. Eu estou muito feliz e tomara que o projeto possa contemplar também outras pessoas. É só gratidão, com a troca que houve, a energia, foi tudo muito, muito bom mesmo. Que isso continue aí para o ano e para sempre, né? Que possa ajudar muita gente!”, contou Maria Helena, do sítio São José.
Na propriedade da Dona Eunice, em Braçanã, no município de Rio Bonito, o carro-chefe do terceiro SAF implantado pela AMDL foi o café.
“Eu estou muito feliz em receber o projeto na minha propriedade. Sabendo que meu terreno vai evoluir, vai ter um bom desenvolvimento, e projetos novos e melhores vão vir pela frente”, disse em vídeo postado pela Prefeitura de Rio Bonito, que também apoiou a iniciativa por meio da Secretaria de Agricultura.





Sistemas Agroflorestais Sucessionais (SAFS)
O tipo de sistema agroflorestal adotado nas propriedades é o chamado sucessional.
É um sistema especial, complexo, que se configura como alternativa tecnológica estratégica para a restauração de florestas e recuperação de áreas degradadas, segundo a Embrapa.
Esses arranjos produtivos favorecem o restabelecimento da fauna local e, ao integrar espécies de relevância econômica e cultural em consórcios, contribuem para a geração de renda e segurança alimentar dos agricultores familiares. Além disso, desempenham papel fundamental na conservação dos recursos naturais e na manutenção da biodiversidade.
“Basicamente, implantamos diferentes consórcios de plantas que vão se sucedendo ao longo do tempo. Por exemplo, iniciamos a área com culturas anuais (feijão, milho, aipim). Em seguida, entram culturas como mamão, banana e guandu, que permanecem no sistema por 3 a 5 anos. Finalmente, estabelecem-se culturas como café, cacau ou laranja, que começam a produzir a partir de 4 ou 5 anos e podem permanecer no sistema por algumas décadas. Naturalmente, nos sistemas agroflorestais, as espécies florestais acompanham essa dinâmica de sucessão”, explicou o engenheiro agrônomo e consultor da AMLD, Jaime Franch.
A previsão para as próximas implantações de SAFS é a partir de março de 2026, quando o clima estará mais favorável para o plantio.
O Projeto GEF Áreas Privadas também apoia o monitoramento do mico-leão-dourado e a atuação junto às comunidades no território. Ele é coordenado tecnicamente pelo Ministério do Meio Ambiente e do Clima, financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Sua gestão financeira é realizada pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS).
Os principais objetivos são contribuir para a conservação da biodiversidade, fortalecer a provisão de serviços ecossistêmicos e ampliar o manejo sustentável da paisagem em áreas privadas no Brasil.
Texto: Ariane Marques (AMLD)